abril 21, 2016

Medo da chuva.

Rodrigo era um menino muito bem-disposto, adorava brincar no jardim. Um pião chegava para ele se entreter. Ficava tardes inteiras a puxar a corda ao brinquedo. A mãe dizia-lhe que se houvesse um desporto federado de lançamento de pião ele iria ser campeão. Rodrigo já tinha tentado convencer os amigos a irem brincar com ele ao pião, mas os amigos preferiam ir jogar nas consolas.

Rodrigo andava na 3a classe, e era o melhor aluno. Não ligava muita importância à televisão, nem a consolas, nem a jogos de computador. A mãe habituara-o a gostar de livros e de jogos tradicionais, mas Rodrigo sabia que era isso que o fazia diferente dos outros meninos. Já sofrera muito com essa diferença. Os colegas gozavam muito com ele. E ele já fora para casa a chorar porque os colegas chegavam a bater-lhe. Agora chamavam bullying, mas ele no fundo sabia que era maldade. Os colegas não gostavam de pessoas diferentes. E Rodrigo era-o.

Só havia um problema na sua vida. Medo da chuva. A mãe dizia-lhe várias vezes: "Olha que se estiver a chover não podes ir brincar.", "Vem para dentro que vem lá chuva.", "Larga o pião que está a chover!". Rodrigo nunca tinha entendido porque não podia brincar à chuva. A chuva era como o Sol, fazia falta! Mas como ele nunca tinha sentido a chuva, como sentia o Sol. Com Sol ía à praia, corria, saltava e brincava sem parar. Com chuva tinha de estar fechado em casa. Era injunsto e por isso Rodrigo tinha muito medo dos dias de chuva! 

Um dia, na escola, estava a chover tanto que Rodrigo ficara preso na casa de banho cheio de medo. Então descobriu que havia uma menina, a Isabel, cujo medo era maior que o dele. Então, agarrou-a pela mão, e foram os dois para o meio do pátio cantar e dançar. Quando deram por eles tinham todos os meninos da escola à volta deles, e assim Rodrigo ficou conhecido como menino da chuva e nunca mais teve medo, nem nunca mais sofreu com as agressões dos colegas.

Para Rodrigo aquele dia ficou sempre como o mais feliz da vida dele. Em que soube que a chuva não fazia mal. Em que ganhou o respeito dos colegas. E em que conheceu a menina mais bonita que algum dia vira!

Às vezes, por trás dos medos, escondem-se realidades muito boas!

Beijinhos

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