abril 28, 2016

Silêncio.

Este momento é de silêncio.
Estou sentada em frente ao computador, a escrever, e nem o teclado faz barulho.
Passei a apreciar muito mais momentos destes!
Ter duas filhas pequenas tem esta consequência, dá pouco tempo para pensar...

A mais velha, que não é assim tão crescida, tem 20 meses e meio. Quando está acordada é o som das corridas que dá pelo corredor, juntamente com o choro quando dá um trambolhão, juntamente com as gargalhadas que são a minha banda sonoro diária.
Agora está a dormir a sesta. Normalmente a sesta dura 3 horas.

A mais nova tem um mês. Pequenina só quer é dormir. Tarefa nem sempre bem sucedida devido à banda sonora acima descrita. A maior parte das vezes consigo mantê-la afastada do tumulto que é ter uma Leonor acordada. Das outras vezes não. E quando assim é, junta-se o choro da mais pequena a todo o barulho diário cá de casa. Faz parte, dizem-me. E eu começo a absorver este "faz parte", muito contrariada...

A Leonor tinha todo o tempo durante o dia para dormir, quando tinha 1 mês. A Maria também deveria ter, mas não tem...dorme quando apetece à irmã que ela durma...ou quando a irmã está a "ler" e a deixa sossegada...não dorme quando a irmã vem fazer "pst" para a acordar.

Faz parte. Eu sei. E eu não posso fazer mais do que aceitar que por vezes tem de ser assim. Agora é a mais velha que acorda a mais nova. Tenho a certeza que haverá vezes em que será diferente...

Isto de ser mãe de mais do que uma mini pessoa tem muito que se lhe diga.
Nada mais será exclusivo de nenhuma.

Estes momentos de silêncio são óptimos para colocar as ideias em dia....para lavar biberões, roupa, dar-me banho a mim (tornou-se uma tarefa difícil tomar um banho em silêncio) e sentar-me 5 minutos que sejam...e aspirar a casa? É com as 2 a chorar...nem uma nem outra gostam do som do aspirador.

Ah como invejo aquelas pessoas que têm empregadas para estas tarefas. Não invejo assim tanto as que têm empregadas para os filhos. É cansativo? É...muito...mas não queria delegar essa tarefa a qualquer outra pessoa!

Nisto, vou aproveitando o silêncio, na esperança de que as 2 não cresçam muito depressa q continuem a dar-me esta vida toda!


Beijinhos

abril 25, 2016

Sono





O sono. Esse pesadelo dos pais. Nas 2 primeiras semanas de vida da Maria também foi o meu. Sempre preocupada...será que vai dormir tão bem como a irmã? Será que vai acordar a irmã quando chorar de noite? 

Confesso que já não estava habituada a acordar de 3 em 3 horas, ou de 5 em 5...ou de 6 em 6...
Quando a Leonor tinha 1 semana de vida eu comprei este livro do pediatra dela. Tem dicas e conselhos que eu só segui ao fim de um mês de vida da Leonor. 

Com a Maria vou fazer exactamente o mesmo. Agora, ao fim de 1 mês, a "coisa" já entrou muito mais no ritmo. Já percebi que a Leonor não se deixa afectar, e a Maria é igual à irmã no que diz respeito a dormir. Quer é sopas e descanso! Percebi que os bebés são iguais num aspecto: inseguros face a este mundo...muito grande e eles muito pequenos.


Esta noite foi a primeira que a Maria passou por inteiro na cama dela. Nas outras noites trocava-lhe a fralda, dava-lhe o biberão, e punha-a na cama. Ela começava a chorar e eu pegava logo nela. E dormia parte da noite ao meu colo. Todos me dizem que ela se habitua, que depois não quer outra coisa. Nunca quis saber. Nunca deixarei as minhas filhas chorar desesperadamente. Ao meu colo ela aguentava-se 6 horas...claro...estava ao pé da mãe. Hoje já se aguentou 6 horas na cama dela. Eu fiz exactamente o mesmo com a Leonor e ela hoje dorme em média 14 horas por noite, seguidas, na cama dela. Eu penso que tudo na vida é uma aprendizagem...e o sono também é. Têm de ser educados para dormir.

Basta pensar que há um mês a Maria estava dentro de água a ouvir todos os barulhos do meu corpo. Uma casa em silêncio há-de causar-lhe estranheza!
E depois, eles (os bebés) ainda não têm mundo interno, Somos nós, mães, que vamos começando a construir esse mundo. Alimentando quando têm fome, trocando a fralda quando está suja, e dando afecto, ou seja, colo quando eles precisam.

É natural eles chorarem quando são pequenos, porque não têm a segurança necessária para fechar os olhos. Para desligar o mundo. Para desligar os pais. E essa segurança vai-se construindo. Como tudo o resto.

Claro que de noite os pais estão cansados. Eu própria estou. A paciência é reduzida, e nestes casos a ansiedade é que manda. Tenho 2 bebés em casa, neste momento. E nas primeiras semanas, quando a Maria ainda não tinha entrado na rotina, foi difícil. Hoje, quando ela fez intervalos de 6 horas na cama dela, sei que fiz bem!


Eu costumo dizer que onde há amor tudo se resolve. E é verdade. Mesmo. 

Claro que muita água ainda vai correr debaixo deste moinho, mas 2 coisas eu sei: nunca as vou deixar chorar desesperadamente, e têm sempre o colo da mãe!

Beijinhos







abril 22, 2016

Nana

Não se pode dizer que a Leonor goste de partilhar a mãe, mas até que gosta da "nana".
Quando a ouve chorar diz: "Não chores nana"
Quando me vê preparar o leite da irmã diz: "leitinho nana".
Quando me vê dar leite à irmã...bem...quando me vê...está o baile armado!

A única situação em que a Leonor tem ciúmes é esta: ver-me alimentar a minha cria mais pequena.
De resto há duas situações: ou ignora a irmã - afinal a Maria é muito pequena para as brincadeiras dela - ou esmaga a Maria com beijinhos e abraços e a pentear...

Quando se levanta quer ir logo esmagar a irmã. É por esmagar quero dizer dar mimos à maneira dela.

Ainda é muito pequena para perceber a dimensão do que acabou de acontecer. Tem alguém para a vida. Tem alguém em quem pode confiar. Tem alguém que estará sempre ao lado dela. Tem alguém que irá sempre olhar para ela com respeito e admiração.

O melhor presente que algum dia lhe poderei dar. Mas a Leonor ainda é muito pequena para perceber isso. Mas um dia, um dia irá perceber a mais valia que é ter uma irmã. A mesma irmã que de vez em quando chora sem ela perceber porquê.

Ter um irmão é tudo de bom.

Ser a irmã mais velha é difícil! Eu vi sempre o facto de ser a irmã mais velha como uma enorme responsabilidade. Na minha idade das loucuras sempre senti que não podia fazer muitos disparatas...não fosse a minha irmã querer imitar-me. E a minha irmã saiu muito melhor que eu no que diz respeito a disparates.

Quando a Leonor ouve a irmã chorar vai a correr ter com ela.
Que se protejam sempre uma à outra.

Sinto que me saiu o Euromilhões.
Sou mãe de 2 meninas, perfeitas e com saúde.
É melhor ainda que o Euromilhões.

Beijinhos

abril 21, 2016

Medo da chuva.

Rodrigo era um menino muito bem-disposto, adorava brincar no jardim. Um pião chegava para ele se entreter. Ficava tardes inteiras a puxar a corda ao brinquedo. A mãe dizia-lhe que se houvesse um desporto federado de lançamento de pião ele iria ser campeão. Rodrigo já tinha tentado convencer os amigos a irem brincar com ele ao pião, mas os amigos preferiam ir jogar nas consolas.

Rodrigo andava na 3a classe, e era o melhor aluno. Não ligava muita importância à televisão, nem a consolas, nem a jogos de computador. A mãe habituara-o a gostar de livros e de jogos tradicionais, mas Rodrigo sabia que era isso que o fazia diferente dos outros meninos. Já sofrera muito com essa diferença. Os colegas gozavam muito com ele. E ele já fora para casa a chorar porque os colegas chegavam a bater-lhe. Agora chamavam bullying, mas ele no fundo sabia que era maldade. Os colegas não gostavam de pessoas diferentes. E Rodrigo era-o.

Só havia um problema na sua vida. Medo da chuva. A mãe dizia-lhe várias vezes: "Olha que se estiver a chover não podes ir brincar.", "Vem para dentro que vem lá chuva.", "Larga o pião que está a chover!". Rodrigo nunca tinha entendido porque não podia brincar à chuva. A chuva era como o Sol, fazia falta! Mas como ele nunca tinha sentido a chuva, como sentia o Sol. Com Sol ía à praia, corria, saltava e brincava sem parar. Com chuva tinha de estar fechado em casa. Era injunsto e por isso Rodrigo tinha muito medo dos dias de chuva! 

Um dia, na escola, estava a chover tanto que Rodrigo ficara preso na casa de banho cheio de medo. Então descobriu que havia uma menina, a Isabel, cujo medo era maior que o dele. Então, agarrou-a pela mão, e foram os dois para o meio do pátio cantar e dançar. Quando deram por eles tinham todos os meninos da escola à volta deles, e assim Rodrigo ficou conhecido como menino da chuva e nunca mais teve medo, nem nunca mais sofreu com as agressões dos colegas.

Para Rodrigo aquele dia ficou sempre como o mais feliz da vida dele. Em que soube que a chuva não fazia mal. Em que ganhou o respeito dos colegas. E em que conheceu a menina mais bonita que algum dia vira!

Às vezes, por trás dos medos, escondem-se realidades muito boas!

Beijinhos

abril 20, 2016

Mimices.



Dizem-me que a Leonor é mimada. Por isso é que faz birras quando é contrariada. Por isso é que vem a correr para o meu colo quando me vê. Por isso é que grita MÃEEEEEEE quando acorda. Alertam-me para não mimar tanto a Maria...senão daqui a um ano vou ter duas a gritar por mim...e eu sou psicóloga. Os psicólogos deviam saber que não se mima uma criança!

Mimar é diferente de não impor regras.
Mimar é diferente de estar a criar uma mini-pessoa mal educada.

Mimar é tudo de bom.
Os mimos são a forma dos filhos perceberem o quanto são amados.

Eu, na minha (curta) prática clínica, só vi problemas em crianças com falta de mimo. Falta de aconchego. Falta de beijos. 

Mimar é diferente de lhes fazer as vontades todas.

A mãe é o primeiro ser que ama uma criança. Os tais 9 meses da gravidez. Não é normal todas as crianças chamarem pela mãe? Anormal são aquelas que, na idade da minha filha, não chamam pela mãe!

Sinto-me mais olhada enquanto mãe por ser psicóloga. Mas para ser mãe não existem cursos. Para dar amor a uma criança não existe medida. É a falta de amor que deve preocupar. Não existe amor de mais.

Eu espero, honestamente, que a Maria seja tão mimada como a Leonor.

Beijinhos


Mãe de duas.

Hoje fui à rua sozinha com elas duas, e tenho a dizer que não é tão difícil como parece! 

A Leonor numa mão. A outra serve para empurrar o carrinho da Maria.

Fui, a medo...

A primeira tarefa que me pareceu herculeana foi levar as 2 para baixo! Eu vivo num segundo andar e quando me mudei procurei casas com elevador. Mulher prevenida vale por duas. Mal sabia eu que ia ser complicado meter um pé fora de casa com as 2.
Meto a Leonor no carro, enquanto a Maria, sossegadinha, olha para mim do ovo.
Depois meto a Maria no banco da frente. Tenho um ovo da Chicco que oferece muita resistência aos carros. Devia ter pensado nisso quando o comprei...mas quando o comprei ainda não era mãe...e achava que era tudo lindo na maternidade. Não é. Os ovos são os piores inimigos das mães. Pesados, difíceis de meter no carro, difíceis de tirar do carro...estou sempre a ver quando vou arranjar um 31 no pulso.

Com as 2 no carro vejo que afinal não é assim tão difícil o que eu tinha pensado que iria ser uma catástrofe. Penso também que a Maria é uma santa. Não consegue dormir com as investidas da Leonor mas mesmo assim não chora.

Hoje senti-me verdadeiramente mãe de duas. 
E é bom! Óptimo!
Ainda para mais ser auto-suficiente!

Mas se foi bom ir, ainda foi melhor voltar para as suas mãos extra que tinha em casa. Ver o almoço feito e sentar-me no sofá.

Não vou ao ginásio...mas ando lá perto!

Beijinhos

abril 19, 2016

Racismo.

Ontem vi com muita atenção o novo programa da Sic "E se fosse consigo?".
Fiquei chocada com as respostas dos miúdos. Os adultos respondem o politicamente correcto. Como se ninguém soubesse que o racismo existe. Talvez também exista dos negros para os brancos, mas eu nunca senti essa descriminação, nem o peso de ser branca. 

Isto de ser negro, ou amarelo, ou vermelho, vai influenciar muito a identidade de cada um. Tal como o ser alto ou baixo, gordo ou magro. Ninguém tem qualquer tipo de responsabilidade na forma como nasce. O que conta são as oportunidades e o que se faz com elas. Estou de acordo. Mas não há as mesmas oportunidades para um branco ou um negro, em Portugal. Mas isto todos sabemos. Aqui há uns anos havia um inquérito a decorrer em Lisboa, e faziam-no no metro, para medir o racismo em Portugal. "Eu não sou racista, mas não queria um filho meu casado com um negro". Não, não foi em 1920. É mais recente. 

E nem me chocou haver um senhor, que disse achar normal a reacção do pai ao ser-lhe apresentado o namorado negro da filha. Nem ninguém se ter metido. Com as coisas que se sabe hoje em dia, é quase arriscar a vida a intrometer-se nestas discussões.

O que mais me chocou foi as respostas das crianças. De uma criança. Negra. Uma menina negra cuja identidade já está marcada pelo estigma. Doeu. Doeu saber que para ela pensar assim, alguém lhe meteu isso na cabeça. Alguém a tratou mal. A uma criança.

Preconceito sempre haverá. Discriminação também. 
Seja porque a colega é gordinha e por isso ninguém a convida para brincar.
Seja porque um menino usa óculos.
Seja porque alguém é muito magro.
Etc.

É mau. Eu sei que é mau. Mas formatar uma criança para pensar que todos os negros são maus, sendo ela negra. Isto é terrorismo. 

Portugal também é um país terrorista?


Beijinhos


abril 18, 2016

Vida Social.

Hoje foi o dia de voltar à "vida social". 
Com isto quero dizer que foi dia de voltar a fazer a nossa vida normal.
Com o adiar deste reinicio só estava a fazer-nos mal!
Quem é mãe sabe o quanto os nossos rebentos adoram actividades ao ar livre! Faz bem a todos, principalmente às pequenas! 

Fomos até Coimbra, uma cidade que me diz tanto, e onde dá para passar um dia descontraído.

Fomos os 4. Mais 2 carrinhos.
Toda a logística de sair de casa com 2 filhas pequenas é complicada. 
Almoço para uma, leite para outra, lanche para uma, leite para outra, bolachas para uma, leite para outra.
Saímos mais tarde do que o previsto (óbvio), mas para primeira vez até não está mau!

Almoçámos por lá, e de tarde fomos ao Portugal dos Pequenitos. 



Se vissem a alegria da Leonor! Mal lá entrou desatou a correr, a rir muito, a entrar e a sair das casas...o Pedro atrás dela, eu com o carrinho da Maria, que dormia que nem um anjinho...
Agora tenho pena de não ter gravado, porque momentos destes, de tão pura alegria, devem ficar registados!
A meu favor tenho o facto de ser novata com a Canon e ainda não me entender com todas as funcionalidades desta máquina...












Adorei este dia! Soube bem voltar à antiga rotina!

Beijinhos


abril 17, 2016

Team Work.

Três semanas de Maria.
Três semanas de Leonor e de Maria.
Já me sentia mãe de 2 quando andava grávida, mas agora é que sou mãe de 2.

Há muito mais coisas para gerir. Banho de uma, banho de outra, dar comida a uma, dar comida a outra, contar história a uma, embalar a outra.

Sinto que já teria dado em doida se não tivesse o Pedro em casa nestes primeiros tempos!
Trabalho de equipa.
Eu e o Pedro formamos desde 15 de Agosto de 2014 uma equipa que divide as tarefas relacionadas com a Leonor, mas foi a partir do nascimento da Maria que tivémos o primeiro esforço em equipa.

Quando só há uma filha, e tudo o que se faz é para essa filha, as tarefas são mais leves. 
Agora quando há duas filhas passa a ser trabalho que devia entrar na lista dos trabalhos remunerados.
Há amor. Claro que havendo amor é tudo muito mais fácil...mas existem alturas em que não podemos parar para descansar! 

Não consigo dedicar-me exclusivamente à Maria, porque também tenho a Leonor para me dedicar. Mas quando estou a dar atenção à Leonor, tenho o Pedro a dar atenção à Maria. E vice-versa. 
Claro que a Maria ainda não exige muita atenção, mas ter o Pedro em casa tem sido determinante.

O trabalho em equipa é fundamental!

Beijinhos 

abril 14, 2016

A minha vida.

O AVC foi um episódio mau na minha vida. Ninguém no seu perfeito juízo poderá dizer que foi bom. Não é bom aos 19 anos e não será bom aos 91. 
Uma pessoa ver-se incapacitada numa cama de hospital nunca será bom.

Eu tive o AVC aos 19 anos e, apesar de toda a negligência médica envolvida, recuperei praticamente tudo. Acima de tudo recuperei a minha vida e a minha liberdade. 
É este recuperar da minha vida envolveu muitas outras coisas. Por exemplo, deixei a terapia ao fim de 2 anos, com muita coisa por recuperar. Mas consegui voltar a estudar e a sair à noite com os meus amigos. Portanto, a meu ver, só trouxe benefícios.

Mas...trouxe uma implicação que não ponderei na altura. Tinha 19 anos. Era muito nova. Tão nova que estas coisas não deviam acontecer. Mas acontecem. E se soubessem a quantidade de crianças que se encontram num serviço de fisioterapia pelo mesmo motivo que eu lá andei, repensavam toda a vossa vida!

A implicação que não ponderei foi que não seria capaz de fazer com as minhas filhas o que as pessoas ditas normais conseguem. Não consigo correr. Não consigo andar de bicicleta. Não consigo nadar. Não consigo descascar batatas (ou maçãs, ou pêras, ou mangas, ou cenouras...). 
Isto eram coisas que iria aprender a fazer outra vez caso continuasse na fisioterapia e na terapia ocupacional.

Na altura pensei que de nada me servia ser capaz daquilo tudo se a minha mente fosse fechada para novas oportunidades de aprendizagem. Queria fazer o meu curso, queria estudar Psicologia, queria fazer a minha vida e reconquistar a minha liberdade. E estudei. E fiz o meu curso. Com um orgulho secreto em mim. Achavam que eu nunca mais ia conseguir ler um livro. Pois...consegui ler muitos...e isso para mim e para a minha auto-estima foi tudo. O ano passado entrei na Faculdade de Direito. Agora é só arranjar um bocadinho de tempo e lá vou eu! 

Claro que há um preço a pagar. É esse preço é alto. Para mim, que sou mãe a tempo inteiro...
Quanto à fruta que não consigo descascar, há sempre os boiões. Quanto às cenouras que não consigo descascar, há sempre pacotes de cenouras já descascadas. Agora o que faço quanto ao não conseguir correr ou nadar? Para as minhas filhas tinha sido mais benéfico se prescindisse dos estudos e da "vida  normal" e tivesse aprendido a fazer tudo aquilo que não aprendi ao ter saído da terapia!

A vida é assim. Cheia de escolhas. E se optamos por um caminho não podemos voltar para trás!

Beijinhos 

abril 12, 2016

Instagram



As miúdas estão a dormir.
Primeiro deito a Maria, que vai ficar no meu quarto até aos 6 meses, e de seguida a Leonor.

À Leonor leio uma história. Já leio uma história todos os dias desde os seus 6 meses. É uma rotina boa. 

As duas adormecem facilmente. A Leonor nunca precisou que ficasse a adormece-la.

Nisto estou no meu sofá. Ando todo o dia a imaginar este momento. 
Hoje não janto. Não me apetece fazer mais nada!

Fico-me pelo Instagram, a cuscar as páginas alheias.

Sigam-me: inesmorsantos 

Beijinhos

Família.




Na faculdade tive uma cadeira acerca dos sistemas, e de como nós pertencemos a vários.
Somos filhas, somos irmãs, somos mulheres, somos amigas...e somos mães. Tudo isto são sistemas dos quais fazemos parte.

O sistema da família é o mais importante para mim. 
Muito mais importante que a profissão que escolhi, por exemplo.
Talvez mesmo pela profissão que escolhi é que sei que é tão importante estar presente na educação das minhas filhas e não delegar esse papel a ninguém.

Há medida que a família vai crescendo as coisas vão-se complicando.
Passei a ser a mulher do Pedro, a mãe da Leonor e a mãe da Maria. É muita coisa para gerir. Tenho bocadinhos em que todos reclamam a minha atenção. 
Não me posso esquecer que sou mulher do Pedro.
Não me posso esquecer que sou mãe da Leonor.
Não me posso esquecer que sou mãe da Maria.

Acho que também sou gestora. Gestora de tempo.

Quando chega às 20 horas, e estão as 2 na cama, ainda tenho coisas para fazer relacionadas com elas.
Tenho a "sorte" de dormirem muito bem. A Maria acorda com intervalos de 5/6 horas, e é só mudar a fralda e dar leite e ela adormece outra vez. A Leonor continua no seu ritmo de 13/14 horas seguidas por noite. Sou uma mãe feliz.

Tenho o Pedro em casa, e isso facilita bastante. Há sempre um de nós a dar atenção à Leonor, o que para ela é muito importante, e confesso que para mim também...pois foi isso que me preocupou em toda a gravidez!

Dos 16 kgs que ganhei com esta gravidez, já perdi 12 kgs...já me consigo meter nas minhas calças 34 e tudo.
A minha médica diz que tenho anca de parideira. Julgo que sim. Volta tudo ao sitio muito facilmente.

Que continue tudo assim.  

Beijinhos

abril 11, 2016

Incondicionalmente.

Existe qualquer coisa de fantástica neste amor que se tem aos filhos.
Incondicional.
Incondicional na medida em que nada o pode deter. Nada que os nossos filhos façam pode destruir esse amor.

Só depois de ser mãe entendi todas as mães que sustentam os filhos toxicodependentes, que vão visitar os filhos assassinos numa prisão, que fecham os olhos aos roubos constantes que os filhos vão perpetuando lá por casa...entendi aquelas mães que sofrem violência doméstica por parte dos filhos e aguentam.

Existe qualquer coisa de cruel no amor que se tem pelos filhos. Qualquer coisa que nos prende a eles para todo o sempre. Muito mais do que a genética ou a responsabilidade que nós mães (e pais) temos na educação dos filhos.

Existe qualquer coisa de milagrosa neste amor. 
Ver um filho nascer, suportar todas as dores, nossas é deles. 
Não me venham dizer que os milagres não existem. 
Existem, sob a forma de filhos.

Existe qualquer coisa de masoquismo neste amor.
Que nos faz doer a cada queda que eles dão. Que nos torce o coração quando não podemos fazer nada para acalmar as suas dores. Há uma preocupação constante, e isso, não pode vir doutro sítio que não o masoquismo.

Ah, éramos tão despreocupadas antes de os termos!
Mas eu, era só metade daquilo que sou hoje. 
É bom de ver que, aos 31 anos, ainda havia tanta coisa para aprender com pessoas de 50 cm.

Existe qualquer coisa de muito boa quando se diz: "minhas filhas".
É por tudo isto que quero ser mãe outra vez. 

abril 08, 2016

Rita, a trapezista.

Rita queria ser trapezista. 

Todos os Natais ia com os pais ao circo, e sabia-o desde muito pequena: o trapézio era o seu encanto. Rita tinha 5 anos, mas sempre fora de ideias muito fixas! Sabia que a mãe não iria gostar muito dessa ideia, pois era a pessoa que mais tinha medo que lhe acontecesse alguma coisa. Sabia que a mãe ia vê-la todas as noites, muito depois da hora de ir para a cama. 

Tinha esperado pacientemente por completar os 4 anos. Idade em que a mãe a deixou ir para a ginástica. Sabia que era preciso muito empenho e dedicação para conseguir um dia ser trapezista! Tinha pedido à mãe para começar a fazer ginástica, e embora a mãe achasse que a Rita era muito nova para isso, cedeu. Começou por ir às aulas uma vez por semana. Era a mais nova da classe, mas era também a mais empenhada. Afinal já sabia o que queria!

Naquele ano, tinha ansiado pelo Natal, mais pelo circo do que pelas prendas. Tinha dormido uma sesta grande para não ter sono, pois o circo era às 21 horas, e essa hora era a hora em que ela ia sempre para a cama. A mãe dava muita importância às rotinas e ela também já começara a aprendê-las e a valorizá-las. É bom ter regras e Rita achava que as regras é que faziam as pessoas boas. 

Insistira com os pais para ir mais cedo para o circo, pois queria ser a primeira a entrar. Era muito atenta, e tinha levado um bloco de notas para tentar desenhar o que a trapezista ia fazendo. Ainda não sabia escrever e isso era um problema para ela. Depois nunca conseguia explicar à professora de ginástica os exercícios que tinha de treinar. Ainda se houvesse uma escola para artistas circenses! Se calhar até havia, mas na vila onde ela vivia não havia nada dessas coisas...

Quando a trapezista entrou, o coraçãozinho de Rito disparou. Até se esqueceu do seu bloco de notas! Que emoção. Queria ser como ela, ou quem sabe, melhor ainda! Queria correr o mundo em cima de um trapézio e fazer dele a sua casa. Queria inspirar outras crianças, que como ela, a ver as habilidades daquela mulher, ficara apaixonada por aquela actividade circense!  Ficava a pensar nas horas de trabalho que aquela senhora devia ter tido para estar ali a dar piruetas no ar! Perguntara ao pai, mas o pai, que não gostava de circo, tinha-lhe respondido que a senhora ganhava dinheiro para estar ali. Rita sabia que haviam coisas mais importantes que o dinheiro, e não podia crer que fosse esse o motivo. Até porque julgava que se não se gostasse do que se fazia, não se podia ter aquela cara de felicidade como a senhora tinha. 

Acabou o número do trapézio e Rita chorou. Como chorava sempre ao relembrar que ainda faltava um ano para ver a trapezista outra vez!

Mal podia esperar pelo circo do próximo ano!

abril 06, 2016

Profetas da Desgraça

Chamaram-me maluca por querer mais filhos. Ao fim de uma semana com duas, como posso querer mais?! Se há tantas que nem têm paciência para um?! E depois, como vou fazer com 3?! Onde vou arranjar tempo para mim?! E a Leonor ainda nem está numa creche! Eu vou dar em maluca, só pode!

Esta necessidade de opinar sobre a vida dos outros tira-me do sério!

Cada um sabe de si! Eu não digo às pessoas que querem só um filho que estão a errar. Nem que estão a ser egoístas, nem outra coisa qualquer. 

Ah Inês, mas é caro! E tu não és a Carolina Patrocínio! 
Pois não, mas isso quer dizer que só posso ter uma filha?! Ou que a vida das outras pessoas tenha de ser a minha? 

O que cada um faz com o dinheiro, não me diz respeito. Então também não devia estar constantemente a ouvir comentários destes! Mas o que importa é que ouço. Ou porque é caro, ou porque dá trabalho, ou porque depois não posso sair, ou porque ter só um filho é dar-lhe tudo o que não se teve...

Este último argumento é o mais estapafúrdio. Porque ter filhos (mais que um) é dar-lhes uma vida de afectos que não pode valer dinheiro nenhum. Porque o "dar o que não se teve" é uma forma de egoísmo, porque cada pessoa precisa de uma coisa diferente e quem sabe os filhos únicos precisam mais de um irmão do que de uma bicicleta nova ou de uma PlayStation 18. E quem sabe se eu, no meio da minha vida sem vícios e sem luxos, não conseguirei chegar a todas as necessidades dos meus filhos?! E quem sabe se um dia eles me vão agradecer, como eu agradeço aos meus pais o facto de não ser filha única?!

Ah, e quando forem todos para a faculdade?! Não se preocupem com isso, até porque a mim ainda não me preocupa. Afinal, de momento, tenho outras preocupações, como chegar para as 2. Esse é o grande desafio. Por enquanto.

Os filhos são o melhor do mundo. 

Não há quem me tire isso da cabeça.

Nem o pior profeta da desgraça!

Beijinhos 

abril 05, 2016

Vicissitudes da maternidade.

Primeiro momento de (muito) stress: a Leonor acorda às 10 horas e chama pela mãe. Acorda a pequena Maria que fica a chorar. Para onde é que me viro? 

Vou buscar uma, deixo a outra a chorar. Mas eu tenho uma política de não choro, então fico (muito) ansiosa. 

Ponho a Leonor na cadeira e dou-lhe um iogurte. Vou buscar a Maria para a espreguiçadeira, enquanto lhe preparo o leite. Continua a chorar. Tem fome. É um bebé de muito apetite e já não come há 6 horas. 

O pediatra deu-me "autorização" para a deixar dormir até às 6 horas. Fui abençoada. Sei que fui. Mas o que é que eu faço quando elas começam a chorar as 2 ao mesmo tempo?! Eu já sabia que este dia estava para chegar, mas quando chegou ia-me dando um treco.

Duas filhas para uma mãe.

Beijinhos 

abril 04, 2016

Desabafos

Não sei o que é ter um bebé que chora inconsolavelmente. Posso estar a falar cedo demais, é certo. Mas nesta primeira semana a Maria tem mostrado ser uma bebé muito calma, como a irmã foi e é.

A Maria só chora quando se apanha sem fralda, o que acontece na muda da fralda, logo é durante pouquíssimo tempo. 

É uma benção ter filhas assim.

Não consigo imaginar o que é ter um filho que não dorme, ou que chora horas a fio. Mas também acredito que o ambiente tem muito a ver com isso. Mas, outra vez, eu sou psicóloga clínica dinâmica...e nesta vertente dá-se toda a importância à relação estabelecida entre a mãe e o bebé, e à segurança que essa mesma relação vai dar.

Não estou a estabelecer a mesma relação que estabeleci com a Leonor. Tenho consciência disso. Pelo simples motivo de que a Leonor foi a primeira filha, sendo que não tinha ninguém com quem partilhar a atenção. A Maria tem. Logo a relação será diferente. Terei de fazer as pazes com este facto. Espero fazê-las rapidamente, pois sei que estes sentimentos só estão a prejudicar! 

O segundo filho não é o primeiro, e isso vai fazer toda a diferença no desenrolar da história de cada uma. Fará toda a diferença na formação da personalidade de cada uma. Só esse facto já faz toda a diferença. 

Isto tudo para dizer que tudo se faz. Que estavam enganados os que me diziam que iria ter de dividir o amor. Mentira. Não se divide nada. Multiplica-se a cada filho, um amor que nem todos os filhos têm como certo, infelizmente, mas que muitos (incluindo as minhas) poderão sempre dar como certo.

Beijinhos 

abril 03, 2016

Balanço.





É altura de fazer o balanço da primeira semana de vida extra-uterina da pequeníssima Maria.
A semana passou e ela quase não se apercebeu. Come e dorme. Come muito! E dorme muito! Come tanto que eu acho que daqui a um tempo vai rebolar.

A primeira semana foi marcada pela ida ao pediatra. Está tudo óptimo. Pesa 3,200 kg, mede 49 cm.

Cá em casa reina o caos. Às vezes eu nem sei bem porquê, mas sinto uma desorganização enorme. Há-de passar. Só me lembro de me sentir assim tão desorganizada uma vez: quando trouxe a Leonor para casa.

Como já aqui tinha dito, escolhi não amamentar. E acredito que assim seremos as 2 mais felizes...alimento-a sem lágrimas.

Os sentimentos de culpa, pela menor atenção que dou à Leonor, já começaram. Tenho esperança que passem depressa. A atenção vai ter de ser repartida, agora e para sempre, e parece que só eu estou a sentir.

A Leonor continua uma bebé super querida e super bem-disposta, dorme bem e come bem.

O saldo desta primeira semana como mãe de 2 pequenas é positivo. 

Tenho o coração a transbordar de amor.

Como é bom ser mãe!


Beijinhos

abril 01, 2016

Leveza.



Sinto uma calma incrível. Em tudo contraste com o meu estado de espírito nas primeiras semanas da Leonor. É uma espécie de leveza. Qualquer coisa de muito boa que traz a experiência.

Claro que estes primeiros dias têm sido mais ou menos caóticos. Mais para mim do que para elas. A Leonor continua a dormir muito bem. A Maria tem de ser acordada para comer. Para mim é que tem sido mais difícil, a tentar organizar-me. Hoje estive 2 horas e meia para nos despachar a todas! E estou com a sensação de que nunca mais conseguirei fazer nada por mim, como por exemplo ir cortar o cabelo ou arranjar as unhas! Mas nada destas minhas dificuldades se comparam com a felicidade de ser mãe de duas meninas!

Beijo